Adolescente autista experimenta viagem como piloto no Metrô-DF

25 set 2023
Além de conhecer a cabine do trem, Marcos Vinícius visitou o Centro de Controle Operacional (CCO) e o setor de manutenção, na sede do Metrô-DF
Texto: Cristine Gentil/Metrô-DF
Fotos: Asley Ribeiro/Metrô-DF
(Brasília, 25/09/2023) – Marcos Vinícius Estevão dos Santos Dias tem 14 anos e, desde os 6 anos, convive com o diagnóstico de autismo. Estudante da 8ª série, na Fundação Bradesco, ele tem uma rotina de idas e vindas a hospitais e clínicas, onde faz diversos tratamentos médicos. É um usuário frequente do Metrô-DF, sempre acompanhado por sua mãe, Mônica Estevão da Rocha. Eles moram a cinco minutos da Estação Ceilândia Centro. Mas sua relação com o sistema metroviário sempre foi além do uso convencional do transporte.
“Desde pequeno ele tem fascínio pelo Metrô. Passa horas vendo cenas de metrôs pelo YouTube. Sonhava um dia conhecer a cabine do piloto”, revela a mãe. O desejo de Marcos chegou ao conhecimento do Metrô por intermédio da TV Band.
A partir disso, a Escola Metroviária entrou em contato com a mãe para entender a condição de Marcos e tomar as providências cabíveis para que a visita fosse tranquila, confortável e proveitosa para ele. O sonho de Marcos Vinícius tornou-se realidade na última sexta-feira, 22/09, quando ele fez uma visita guiada nos bastidores do Metrô do Distrito Federal, começando pelo trem, passando pela manutenção e pelo Centro de Controle Operacional (CCO).
Com o pretexto de ir a uma consulta, Marcos seguiu com a mãe para a estação Ceilândia Centro às 9h. “Para evitar que ele ficasse muito ansioso, eu não contei da visita, deixei que fosse surpresa”, contou Mônica. Já no trem, o piloto escalado para acompanhar a visita abriu a cabine que tem comunicação com o primeiro carro e convidou Marcos para conhecer o espaço.
O sorriso veio de imediato. Com os olhos brilhando, Marcos sentou-se na cadeira de piloto, recebeu explicações sobre os equipamentos e seguiu na cabine durante todo o trajeto até a Estação Águas Claras. No percurso, foi ele quem anunciou paradas em estações e orientou passageiros sobre o lado correto para a saída do trem.



















Marcos e, principalmente, a mãe, Mônica, não conseguiam esconder a emoção. “É um dia que ele vai guardar para o resto da vida”, disse. De poucas palavras, mas sempre com o sorriso de satisfação no rosto, Marcos ganhou uma plaquinha de piloto das mãos de Júlio César Soares Nicésio, piloto e instrutor, que acompanhou toda a visita.
“É muito gratificante ver a satisfação dele. Nós sempre ficamos muito felizes quando as pessoas, em especial as crianças, têm interesse pelo nosso sistema e vêm conhecer de perto como tudo funciona e saber mais sobre a nossa profissão”
Júlio César Soares Nicésio, piloto e instrutor do Metrô-DF
Ganhou também dois trenzinhos feitos de papelão das mãos de Daniele Gomes Prandi, chefe do Núcleo de Desenvolvimento de Recursos Humanos. Foi ela quem entrou em contato com a mãe para organizar a visita. Ela disse que não é raro receber no sistema crianças e adolescentes autistas. “Já recebemos algumas visitas. Eles têm realmente uma grande curiosidade pelo sistema. Sempre que chega um pedido pela Ouvidoria, nós preparamos tudo para que eles se sintam confortáveis e seguros”, avalia.
Segundo Daniele, o Metrô recebe ainda visita de escolas dentro do projeto Educação nos Trilhos e de alunos de cursos técnicos profissionalizantes e de graduação.
Após viver seus momentos como piloto do Metrô, Marcos Vinícius conheceu o galpão de manutenção, onde entrou em um trem parado, subindo à cabine mais uma vez. Roberto Audy, que acompanhou a visita na manutenção, mostrou também um motor de trem a Marcos.
Para finalizar a visita, Marcos conheceu o CCO, a sala de controle, na sede do Metrô-DF. Alexandre Santarem fez as honras da casa, mostrando todos os detalhes do local onde se concentra a inteligência do sistema. Uma grande sala com muitas telas e monitores, que sinalizam e controlam, em tempo real, o percurso dos trens e todos os outros detalhes do sistema.
Encantado, Marcos registrou tudo com extrema atenção e, ao fim da visita, disse que estava feliz e que tinha gostado muito. À pergunta “agora, vai estudar para ser piloto?”, ele respondeu com um sonoro “sim”. “Para mim, é também um sonho realizado ter conseguido proporcionar momentos assim para ele”, concluiu a mãe, Mônica.